PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E CLÍNICO DE PACIENTES COM CIRROSE ATENDIDOS EM UM CENTRO DE REFERÊNCIA DE GUARAPUAVA – PR.

  • LUÍS FELIPE LUKAVY
  • WILSON ROBERTO FORNER BRONZATTI
Palavras-chave: Cirrose Hepática, Perfil Epidemiológico, Hepatologia, Hepatite.

Resumo

A cirrose hepática é uma condição caracterizada pela formação defibrose e nódulos no fígado, decorrente de lesão crônica no órgão. É classificada emcompensada ou descompensada, baseada na presença de sintomas como ascite,varizes no trato gastroesofágico, icterícia e encefalopatia hepática. A progressivafibrose inibe a função das células principais, incluindo hepatócitos e células estreladashepáticas, resultando em tecido cicatricial e potencial falência hepática. A cirrosehepática pode ser desencadeada por uma variedade de condições, como hepatitesvirais B, C e D, exposição a toxinas como álcool e drogas, hepatite autoimune,distúrbios colestáticos como colangite biliar primária e colangite esclerosante primária,distúrbios vasculares como síndrome de Budd-Chiari, distúrbios metabólicos comohemocromatose, esteatose hepática não-alcoólica e cirrose criptogênica. A análisedo perfil epidemiológico permite que profissionais de saúde identifiquem tendênciasespecíficas, como as principais causas da cirrose em determinada região ou grupopopulacional. Isso facilita o desenvolvimento de tratamentos e intervençõesdirecionados. Identificar fatores de risco, como consumo excessivo de álcool,exposição a toxinas e doenças pré-existentes, é crucial para a prevenção e oestabelecimento de estratégias de intervenção.Objetivo: Este estudo teve como objetivo analisar o perfil epidemiológico depacientes diagnosticados com cirrose hepática que receberam tratamento noConsórcio Intermunicipal de Saúde (CISGAP).Métodos: Foi conduzido um estudo observacional, transversal e analítico empacientes atendidos no Consórcio Intermunicipal de Saúde (CISGAP), utilizandodados de prontuários eletrônicos do programa FastMedic da Secretaria Municipal de8Saúde de Guarapuava, Paraná. A coleta de dados abrangeu registros de junho de2018 a junho de 2022. Critérios de inclusão consideraram pacientes comdiagnósticos específicos de cirrose hepática de acordo com CID 10, e os critérios deexclusão englobaram registros sem CID 10 específico ou fora do períodoestabelecido, e prontuários com informações insuficientes.Resultados: No estudo, a prevalência de cirrose foi mais alta em homens (69%),principalmente na faixa etária de 60 a 69 anos. As principais causas de cirroseincluíram doença hepática alcoólica (44,2%), esteatohepatite não alcoólica (16,8%)e cirrose devido à hepatite C (10,6%). Achados revelaram uma associaçãosignificativa entre o sexo masculino e encefalopatia (p=0,005), assim como maiorconsumo de álcool (p=0,004). Entre os 78 pacientes classificados como Child-PughA, nenhum apresentou sinais de encefalopatia hepática. Dos 27 pacientesclassificados como Child-Pugh B, oito manifestaram encefalopatia, enquanto doisdos oito pacientes classificados como Child-Pugh C (ou seja, 25%) exibiram sinaisde encefalopatia. A análise estatística revelou uma associação altamentesignificativa entre a presença de encefalopatia hepática e o escore Child-Pugh, comum valor de p (probabilidade) inferior a 0,001. Pacientes sem varizes de esôfagoapresentaram uma contagem média de plaquetas mais elevada (p=0,011).Conclusão: A cirrose hepática é uma condição complexa com implicações que vãoalém da disfunção hepática. Principais causas incluem doença hepática alcoólica,hepatite C e esteato-hepatite não alcoólica, afetando principalmente homens entre50 e 69 anos. A classificação de Child-Pugh revelou a maioria dos pacientes emestágios iniciais, permitindo intervenções oportunas. A contagem de plaquetasmostrou potencial na avaliação da fibrose e prevenção de complicações. Estratégias9preventivas e educação sobre riscos, especialmente em relação ao álcool, sãoessenciais para melhorar a qualidade de vida e o prognóstico. Uma abordagemmultidisciplinar e precoce é fundamental para o manejo eficaz da cirrose hepática,enfatizando a importância de intervenções terapêuticas precoces e educaçãocontínua sobre fatores de risco.
Publicado
2024-05-21
Edição
Seção
Artigos