PERFIL CLÍNICO DE PACIENTES COM DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL EM UM CENTRO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DE GUARAPUAVA – PR.

  • SAMUEL SÁ CAPUCHO
Palavras-chave: Doença Inflamatória Intestinal, Doença de Crohn, Retocolite Ulcerativa. Colite, Trato Gastrointestinal

Resumo

Introdução: As doenças inflamatórias intestinais são condições crônicas que causaminflamação no trato gastrointestinal. Elas incluem a Retocolite Ulcerativa (RCUI) e aDoença de Crohn (DC); a causa exata de ambas DII não são claras, mas envolvemfatores genéticos, ambientais e imunológicos. Diagnosticar as DII é desafiador, poisnão há um único teste para isso; o diagnóstico requer uma combinação principalmenteentre a clínica e exames complementares. Este estudo visa comparar o perfil clínicode pacientes com DII em Guarapuava com as informações encontradas na literatura.Além disso, a falta de dados sobre a prevalência na região acaba por dificultar odiagnóstico e tratamento.Objetivo: Este estudo teve como objetivo analisar o perfil epidemiológico de pacientesdiagnosticados com DII que receberam acompanhamento e tratamento no ConsórcioIntermunicipal de Saúde (CISGAP).Métodos: Foi conduzido um estudo observacional transversal e analítico empacientes atendidos no Consórcio Intermunicipal de Saúde (CISGAP), utilizandodados de prontuários eletrônicos do programa FastMedic da Secretaria Municipal deSaúde de Guarapuava, Paraná. Coleta abrangendo registros de fevereiro de 2019 anovembro de 2022. Critérios de inclusão consideraram pacientes maiores de 18 anosque apresentavam qualquer forma clínica de DII desde que diagnosticada com CID10, sendo estes contemplados em K50 e K51; os critérios de exclusão englobampacientes com registros sem CID 10 específico e prontuários com informaçõesinsuficientes.Resultados: No estudo, a partir da análise dos dados foi obtido uma maiorprevalência do sexo feminino em ambas DII, na DC com 57,1% no sexo feminino e42,9% no masculino e na RCUI uma prevalência de 64,2% do sexo feminino e 35,8%no masculino. Em ambas DII a presença do histórico familiar negativo se sobressaiem detrimento ao positivo. Em Crohn foi constatado que 33 pacientes (78,6%) nãopossuiam histórico familiar enquanto apenas 9 pacientes (21,4%) possuem históricopositivo. Já na RCUI essa diferença foi significativa também, cerca de 56 pacientes(83,6%) com histórico negativo, enquanto apenas 11 pacientes (16,4%) possuemhistórico positivo.7Outro ponto analisado foi o tabagismo, em que foi demonstrado que em ambas DII agrande maioria dos pacientes não faziam uso do cigarro, 80,6%. Além disso foramanalisados os principais locais de instauração das DII, sendo em Crohn no íleoterminal com cerca de 63,3% dos pacientes, seguido por cólon com 42,4% e reto com21,2%. Já na RCUI o local mais acometido foi o cólon esquerdo (colite esquerda) com54,3%, seguido pelo reto e sigmóide com 29,8% e pancolite com 15,7%. Foi possívelverificar os principais sintomas relatados pelos pacientes: em Crohn foram diarreiacom 97,6% de prevalência, seguido pela dor abdominal com 90,5%; outros sintomasrelatados foram sangramento nas fezes com 81% de prevalência, constipação com76,2% e dispepsia com 4,8%. Na RCUI a prevalência de sintomas foram diferentes,diarreia teve prevalência de 71,6%, sangramento nas fezes com 43,2%, dor abdominalcom 23,8%; outros sintomas relatados foram muco na fezes com prevalência de 7,4%,perda de peso com 5,9%, constipação e tenesmo com 1,4% de prevalência naamostra.Conclusão: O estudo demonstrou através dos resultados do perfil epidemiológico depacientes com DII uma correlação com outros estudos já realizados, divergindoapenas em relação ao tabagismo e o histórico familiar. Das DII, a retocolite é a formamais comum, afetando principalmente mulheres dos 50 aos 59 anos e tendo otabagismo como um fator não protetor, como dito em literaturas. Já em Crohn levepredileção por mulheres também apesar de após os 60 anos existir uma maiorprevalência entre homens; tabagismo também não apresentando relação com oaparecimento da doença. Em ambas os sintomas são similares, sendo diarreia,constipação e hematoquezia os principais. Esta pesquisa destaca a necessidade demais estudos na área para que seja possível entender melhor sua distribuição, perfilclínico e epidemiológico, assim como seu impacto na sociedade e qualidade de vidados pacientes.
Publicado
2024-05-21
Edição
Seção
Artigos