A proposta desta pesquisa é a partir da articulação entre os campos dapsicanálise e da sociologia, refletir e melhor compreender sobre a sociedadecontemporânea. Partimos do pressuposto de que a sociedade estáatravessando transformações sociopolíticas e estruturais; objetiva-se, dessamaneira, compreender os efeitos do gerenciamento capitalista em nossasvidas, enquanto sujeitos desejantes. A engrenagem de um sistema capitalistaé a atividade do consumo, e conforme reflete Karl Marx, a produção cria omaterial, o modo e a necessidade do consumo, abarcando, desse modo, aesfera subjetiva, então além de objetos para os sujeitos, o capitalismo criasujeitos para os objetos. Esse circuito afetivo que promove o ciclo doconsumo se opera a partir de nossa potência de vida, o desejo. Baumanrelata que, a linha de chegada na corrida dos consumidores, se move sempremais veloz do que o mais veloz dos corredores. Somos, portanto, afetadospor desejos consumistas insaciáveis, um desejo quando satisfeito abrecaminho para um novo desejo. Lacan aponta que o sistema capitalista nosseduz com objetos que supostamente realizam o gozo, a satisfação,entretanto o ciclo de consumo só se edifica porque justamente a satisfaçãopulsional não se realiza por completo, escravizando os sujeitos na repetiçãodo consumo. A resistência enquanto posicionamento existencial, possibilitaque novos caminhos sejam traçados, visando a liberdade, enquanto ocupamespaços de subjetivação, como a arte, a dança, a escrita, enfim, espaços emovimentos que dão vazão a sensibilidade e a criatividade, a possibilidade deser e sentir; em resumo, o corpo é uma ferramenta em potência,transformadora de espaço e tempo.
